Nova Araça - RS
Frei Nicásio Muraro faleceu às 23 horas de 26 de agosto de 2010, no Hospital da Unimed, em Caxias do Sul, onde se encontrava internado no Centro de Tratamento Intensivo.
Registro
Frei Nicásio nasceu em Nova Araçá, RS, em 19 de outubro de 1923, filho de Celeste Muraro e Joana Sguizardi Muraro. Era o 8º filho entre 13 irmãos. Ingressou no seminário de Veranópolis em 1937, onde permaneceu até 1942; em 1941 e 1942, devido à II Guerra Mundial, prestou serviço militar em Veranópolis, mesmo estando no seminário.
Vestiu o hábito capuchinho em 1943, ano em que fez o noviciado em Flores da Cunha. A profissão na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos foi em 1944 e a ordenação sacerdotal em 22 de janeiro de 1950, em Paraí. Os estudos filosóficos e teológicos foram feitos em Marau, Garibaldi e Porto Alegre.
Frei Nicásio dedicou sua vida à pastoral paroquial, desde 1951, em Marau, quando o atendimento às 30 capelas era feito a cavalo. De 1952 a 1958 prestou serviços pastorais fora da Província do Rio Grande do Sul. Inicialmente nas cidades paulistas de Birigui, Coroados e Pereira Barreto, área da Custódia dos Capuchinhos de São Paulo. Depois em Rio Verde, então Estado do Mato Grosso.
Entre os freis que decidiram não regressar ao Rio Grande do Sul, após o encerramento da ajuda aos capuchinhos de São Paulo, Frei Nicásio e frei Otávio Simionatto alugaram um vagão ferroviário em Andradina, colocaram todas as suas coisas e foram a Campo Grande, onde os esperava Frei Romualdo. Era o início da nova missão da província gaúcha. Após alguns anos, a frente missionária ganhou o status de Custódia, a seguir de Vice-província e, hoje, é a Província do Brasil Central, uma das 10 províncias capuchinhas no Brasil.
Em 1959 Frei Nicásio retorna à Província do Rio Grande do Sul, permanecendo em Marau até 1966. (* Ver relato feito por Frei Nicasio, abaixo). A seguir, por dois anos vai ser capelão do hospital Parque Belém, em Porto Alegre. Entre 1968 e 1999 retoma atividades da pastoral paroquial como pároco em Ibirapuitã, Machadinho, Camargo, e, como vigário paroquial, em Barros Cassal, Tramandaí e Porto Alegre, na Paróquia São Judas. Por mais alguns anos dedica-se ao aconselhamento e cuidados da própria saúde em Tramandaí (Paróquia Navegantes) e em Marau, até integrar a fraternidade da Casa de Saúde São Frei Pio, em Caxias do Sul, desde 2007.
Realizou vários cursos de renovação teológica e pastoral, de psicologia aplicada, aconselhamento psicológico, além do curso de espiritualidade franciscana no Cefepal, em Petrópolis, RJ, no ano de 1978. Da experiência deste ano escreveu: “Certamente o melhor ano da vida: oração, estudo e fraternidade”.
Frei Nicásio escreveu que deve sua vocação capuchinha a Frei Fulgêncio Caron que, como professor em Veranópolis, visitava a paróquia de Paraí para acompanhar os vocacionados.
Informações pessoais
DEPOIMENTO ESCRITO POR FREI NICÁSIO MURARO
SOBRE AS DIFICULDADES VIVIDAS EM MARAU
“Em 1959, voltando do Mato Grosso – após quase dez anos fora do convento vivendo sozinho e longe dos frades – colocaram-me em Marau como vice-guardião e vice-diretor dos estudantes. No convento de Marau havia mais de 60 estudantes de 2º grau, que já haviam feito o noviciado e lá ficavam por dois anos antes de ir a Ijuí para cursar Filosofia. Não foi nada fácil: os ventos das mudanças na Igreja e na Ordem e congregações começava a soprar de longe.
Já não adiantavam as cercas altas e os cadeados nos portões; nem a obediência cega. Não era fácil educar jovens para a vida religiosa e sacerdotal; os freis não estavam preparados para serem educadores. Em Marau, de 1959 a 1965, passaram vários diretores, todos cheios de boa vontade, mas não sintonizavam com os jovens estudantes. Muitos desistiram, pelas mais variadas causas. Até que, em 1966, quando foi feito um exame de consciência junto com Dom Aloísio (Lorscheider, que havia sido nomeado Visitador Apostólico). A partir disso as coisas começaram a melhorar, porque as tarefas e outras coisas foram definidas com mais clareza.
(Antes) o guardião, frei Romeu, havia pedido demissão do convento; aí tive que assumir o encargo do convento, Rádio (Alvorada), Biblioteca (...), Livraria São Miguel, da capelania no Hospital Divina Providência e Colégio Cristo Rei das Irmãos Franciscanas, lecionar Geografia Geral e História, a Ave-Maria na Rádio todos os dias, missa dominical às 9 horas, com pregação, e, ainda, atender uma capela às 10 horas. Foi a experiência mais difícil da minha vida religiosa e sacerdotal...”.