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Frei Caetano de Pietramurata

12/11/1846
04/05/1917

Frei Caetano (Antônio Chêmoli) foi o primeiro Irmão que trabalhou em nossa Missão; seu companheiro Frei Virgílio de Trento faleceu na viagem que os trazia para o Brasil como missionários.

Nasceu aos 12 de novembro de 1846; vestiu o santo hábito aos 19 de junho de 1880; profissão simples aos 21 de junho de 1881, e solene aos 28 de julho de 1884. Era filho de Antônio e Domingas Chêmolí.

Cresceu numa família religiosa, sempre honesto, prudente e morigerado. Com 20 anos foi prestar o serviço militar por 3 anos, segundo as leis da Áustria. Como soldado visitava muitas vezes o Convento e a Igreja dos capuchinhos de Arco.

De caráter manso, sempre franco e aberto, soube manter-se decisivo na vida cristã, mesmo em meio à agitada vida militar. Deixada esta, entra para a Ordem, conservando-se sempre fiel aos compromissos assumidos, sempre garboso e aprumado em seu porte militar.

Por seus dotes e virtudes foi um dos escolhidos para vir fundar a nova Missão de São Paulo, juntamente com Frei Félix de Lavalle, Frei Luís de São Tiago e Frei Virgílio de Trento. Embarcaram em Gênova aos 27 de agosto de 1889, pelo “Napoli” e chegaram definitivamente ao Rio de Janeiro aos 6 de outubro, após rápida passagem por Montevidéu.

Antes de partirem para o Brasil os missionários foram recebidos pelo grande papa Leão XIII que os exortou a serem perseverantes e corajosos. Frei Caetano, em sua simplicidade, disse ao Papa: “Eu não tenho medo, pois fui soldado no Exército Austríaco!” E de fato, como os demais, não teve medo de enfrentar as grandes dificuldades iniciais e perseverar até o fim.

Chegados definitivamente a Piracicaba aos 16 de abril de 1890, Frei Caetano soube em tudo desempenhar seu papel de bom Irmão: porteiro, cozinheiro, sacristão, esmoler, alfaiate... salientando-se sua dedicação por ocasião da construção da igreja de Piracicaba. Arrecadou madeira e todo o material necessário.

Os mais antigos piracicabanos conservaram sempre viva a imagem do bom Irmão que com toda humildade e simplicidade saía a esmolar, sempre bem acolhido por sua delicadeza e santidade. Raras vezes – como se refere – teria sofrido oposição de um ou outro anticlerical.

Conforme relata Frei Damião no Livro Tombo de Piracicaba, é impossível descrever as “belas e heróicas virtudes de nosso confrade... praticadas nos 26 anos que residiu em Piracicaba...

“Sem temor de errar podemos dizer que de certo modo ele reproduziu em si mesmo a vida de São Félix de Cantalício. De fato, fazia suas delícias a exata e plena observância dos santos votos. Obedecia... com toda a presteza, sem discutir, cegamente... pois sabia perfeitamente que obedecendo aos superiores obedecia ao próprio Deus. Sua pobreza era realmente evangélica, pois não tinha qualquer afeto às coisas terrenas. Contentava-se com o estritamente necessário, e, se por vezes faltava até isso, mantinha-se alegre e satisfeito. Sua virtude predileta era a castidade. Para poder conservá-la integralmente não cessava de pedi-la com freqüentes súplicas ao Cordeiro Imaculado e à Virgem Maria para com a qual nutria sincera, especial e real devoção (...)

“Embora devesse, por seu cargo de esmoler, estar sempre em contacto com o mundo, sempre conservou pura e ilibada a castidade. Sua vida pode ser resumida no lema: Ora et labora. Frei Caetano rezava, rezava sempre. Sua oração era humilde, cheia de fervor, de confiança em Deus, perseverante. Especialíssima era sua devoção para com Jesus Sacramentado, com o qual se entretinha em doces e suaves colóquios. Pedia esmolas com tal graça, com tão boas maneiras que não havia quem pudesse negá-las” (pp. 115 a 120 do citado Tombo).

Também Frei Ricardo deixou extenso elogio de Frei Caetano no citado manuscrito “História da Missão dos Capuchinhos da Província Monástica de Trento no Estado de São Paulo no Brasil”- às páginas l6v-l7v. Aqui ficam registradas suas palavras, mantendo a grafia original e o estilo:

“E impossível descrever as fadigas, os suores derramados, os sacrifícios, as privações sofridas, as viagens sem conta por atalhos impraticáveis e por mattas cerradas, de dia e de noite, debaixo de chuvas pesadas ou cristado pelos ardentes raios do sol, que este óptico religioso fez para angariar os madeiramentos necessários. Pela sua modéstia e exemplaridade gozava de grande veneração entre o povo e por isso todos iam a porfia para favorecê-lo nos seus pedidos. Presentava-se humildemente aos fazendeiros ou aos colonos já proprietários de mattas virgens, pedindo plantas apropriadas para taboame, vigamentos, mão de obra, carretões e animais afim de conduzi-las às serrarias ou no lugar das obras e era certo de ser attendido pronptamente e de boa vontade e assim ajuntou tanta madeira que não só deu para fabrica da igreja e convento de Piracicaba, mas também, em parte, para construir o nosso convento de São Paulo...

“Quem animava este Santo religioso a sustentar com alegria tantos padecimentos e tantas fadigas era o seu grande amor à oração e a regular observancia. E, com efeito, eu o vi bastantes vezes no meio dos seus labores murmurar preces, atos de amor de Deus, fervorosas jaculatórias, sem contar que estando em casa era sempre pronto aos atos da vida comum e especialmente ao coro. A sua obediencia era sempre pronpta e alegre, na pobreza admiravel, na castidade ninguém teve a menor nota em contrario; a guardava zelosamente com a custódia dos sentidos evitando a menor familiaridade com pessoas de sexo diferente...

“Nunca ouvia-se da bocca dele a menor murmuração a cargo do próximo, antes desculpava a todos. Nas suas viagens entre os seculares era edificante pela humildade e pela santa conversação. A todos dava bons conselhos de paciência e resignação à vontade de Deus, consolava os afflictos, animava os doentes a sofrer por amor de Deus com a esperança do premio eterno, a receber os Sacramentos a conformar-se com a vontade de N. Senhor, enfim era um verdadeiro apóstolo do bem.

“Quanto N. Senhor estimasse esse seu fiel servo, o demonstrou com um grande pródigo. Um dia, pouco antes de por o sol, embrenhou-se em uma extensa matta virgem em procura de plantas para a construção. Depois de ter percorrido para cá e lá, viu que principiava annoitecer, então tractou de sair da matta para ir a jantar e pousar na fazenda do dono da mesma.

“Foi-lhe impossivel, pois desorientado não achou o caminho, e ja estava escuro. Que fazer? Conformado com a vontade de Deus e confiado na bondade do Mesmo, depois de ter rezado as suas orações quotidianas se deitou debaixo d’uma arvore e dormiu o sono dos justos sem preocupar-se de perigos noturnos.

“Quando accordou já principiava a clarear o dia. Levantou-se bem descançado, rezou as suas preces matutinas e tinha apenas acabado, quando viu uma onça pintada que estava perto dele. Antes do que assustar-se, lhe acariciou a cabeça dizendo-lhe: ‘Muito bem, você veio em oportuno para me ensinar o caminho da fazenda. Vamos, pois!! A onça, como fosse um manso cachorrinho sacudindo a cauda pela alegria foi-se adiante e elle atrás e depois de uma meia hora, quando já avistava-se a fazenda a onça voltou para o matto e elle agradecendo a Deus por tão inesperado e prodigioso auxílio foi a reficiar-se na fazenda que já estavam todos sobressaltados não vendo-o comparecer à janta e a pousar na noite antecedente como lhes tinha prometido”...

E tal fato é contado até nossos dias.

Segundo também Frei Isidoro de Telve em seus escritos esparsos, quando, certa vez, Frei Caetano ia pela mata, pisou em venenosa serpente e esta nada lhe fez... “Então, ele, como bom filho de São Francisco lhe falou familiarmente: ‘Visto que não me fizeste mal algum, nem eu quero matar-te: vai em paz’. E lhe deu a Santa Bênção”. Prossegue: “E destes fatos e semelhantes aconteciam-lhe freqüentemente. Mas é que ele, por humildade não os contava a não ser alguma vez, por necessidade... Caiu, pois, doente, e bem compreendeu que tal doença era ‘prolixitas mortis’ e ele, sem tanto preocupar-se com médicos e medicina tratou de preparar-se para morrer bem. Fez com a devida preparação a Confissão Geral e recebeu com a maior devoção possível o Santo Viático. Renovou a Profissão Religiosa e pediu perdão e orações ao Padre Guardião e demais Religiosos. Recebeu, enfim, o Sacramento da Extrema Unção e a Absolvição Geral e assim bem preparado placidamente morreu a 4 de Maio de 1917 em Piracicaba, tendo 71 anos de vida natural, 37 de vida religiosa e 29 de vida missionária. Todos os que o conheceram e tiveram ocasião de tratar com ele dizem que era realmente um santo”...

Frei Damião no citado Tombo fala de Frei Caetano dizendo que ficou doente desde janeiro até maio e era tratado pelo Dr. André dos Santos; anota que ele faleceu às 16 horas de um sábado, 4 de maio; descreve os mesmos fatos e virtudes com outros detalhes relativos ao bom Irmão. Entre outras coisas diz:

“O pio religioso, que tinha a prudência da serpente e a simplicidade da pomba, foi, durante toda a sua vida mortal, um grande e insigne pregador a seu modo. Pregava sempre; pregava com a oração, com boas exortações, com bons conselhos, e especialmente com os exemplos de uma vida santa. Sua lembrança não se extinguirá, mas permanecerá imperecível nas futuras gerações: ‘In memoria aeterna erit justus’.

“Oh, grande Deus, Deus de imensa bondade e de infinita misericórdia, concede o eterno repouso ao teu fiel servo que tanto e tão ternamente Te amou neste exílio terreno. Réquiem aeternam dona ei, Domine. Oh, Senhor, não negues a este digno filho de São Francisco aquela luz que ilumina a Celeste Jerusalém onde tu Te revelas face a face aos teus eleitos e deles tu és o gozo, a alegria, a recompensa. Et lux perpetua luceat ei... e contigo permaneça em paz por todos os séculos eternos... Requiescat in pace... Amen.” (Tombo, pp.115 a 120).

Frei Gabriel Forti que fazia o Noviciado nesse mesmo ano em Piracicaba, declarou que seu coirmão era de grandes virtudes e de grande dedicação, tendo ficado um tanto esclerosado nesse período de sua enfermidade em 1917.

Frei Aurélio de Smarano

28/08/1877
04/05/1950

Frei Aurélio de Smarano (Francisco Brentari), filho de Vicente Brentari e Ângela Recla, nasceu a 28 de agosto de 1877. Vestiu o hábito em Arco, a 29 de setembro de 1892, tendo como Mestre de Noviços Frei Teodoro de Taio e fazendo sua primeira profissão a 4 de outubro de 1893. Professou solenemente a 26 de outubro de 1898.

Fez os estudos filosóficos em Ala e Rovereto, de 1893 a 1898; teologia em Trento e Rovereto, de 1898 a 1901; certamente, nos estudos filosóficos estarão compreendidos os estudos do atual 2º grau.

Ordenado sacerdote em Trento a 31 de dezembro de 1899 por Dom Eugênio Carlos Valussi. Terminou os estudos em Rovereto, a 20 de maio de 1902.

Partiu de Gênova para o Brasil a 28 de julho de 1902 e chegou a São Paulo a 22 de agosto. Inicialmente residiu em Piracicaba e depois no Largo São Francisco, em São Paulo. Em outubro de 1904 está em Taubaté. Ali, dá intenso atendimento a São Luís do Paraitinga até Maio de 1909, dedicando-se de maneira exemplar também ao Hospital taubateano e aos hansenianos. Em 1905, pelo período de 3 meses esteve a serviço das vítimas da varíola. Nessa cidade foi Guardião do Santa Clara, de 1907 a 1909 e de 1933 a 1936.

Por cerca de 2 meses (14 de maio a 2 de julho) de 1910, com Frei Modesto de Taubaté, missiona Piraju, São Bartolomeu, Manduri, Sarutaiá, Fartura, Pedra Branca, Taquara, todas localidades da diocese de Botucatu.

Ainda nessa diocese, Frei Aurélio recebeu provisão para cuidar de todas as paróquias sem padre. Eram 17...

Aos 14 de dezembro de 1913 toma posse como vigário de Avaré. Posteriormente atende também São Paulo dos Agudos, Bom Jesus dos Perdões e a Vila dos Lavradores (Botucatu).

Em 1912, por cerca de 4 meses, (de 13 de janeiro a 6 de maio) juntamente com Frei Salvador, missiona muitos bairros e cidades da Diocese de Vitória, no Espírito Santo. Entre 1914 e 1915 contribuiu com as Missões Indígenas nas Marrecas, lá celebrando a última missa aos 29 de janeiro de 1915, após imensas dificuldades para se manter tal missão e após o desaparecimento de Frei Serafim de Piracicaba.

De maio de 1916 a 24 de novembro de 1919, foi Guardião em São Paulo. Então, os frades atendiam também os bairros de Perdizes, Cotia, Pirituba, Glória, Lapa e Belém. Foi por esse tempo que ali fundou a Ordem Terceira, na Imaculada Conceição, após os incidentes entre os Terceiros no Largo São Francisco o que provocou até a excomunhão dos mesmos, como já escrevemos ao falar de Frei Camilo de Valda.
Frei Aurélio exerceu também o cargo de Consultor da Mitra de Botucatu, de 1927 a 1930.

Acompanhou o Padre Geral Frei Antônio de Persicetto em suas visitas às dioceses brasileiras, em missão confiada pela Santa Sé (1924). Em 1927 foi visitador de todas as fraternidades da Ordem Terceira de todo Estado.

Administrador entendido, foi Ecônomo do Comissariato entre os anos de 1930 e 1936, também à frente do jornal LA SQUILLA, do Externato Imaculada Conceição (Imaco) em São Paulo, e de ANAIS FRANCISCANOS. Contribuiu com sua perícia para a reforma dos conventos de Santa Clara e para a construção da casa paroquial de Itobi, Bom Jesus dos Perdões e também para reformas em Botucatu, onde foi Guardião de 1924 a 1927. Foi Missionário Apostólico.

Faleceu em Taubaté, aos 4 de maio de 1950.. (A.F. 1950, p. 167).

Frei Romédio de Fondo

09/09/1874
05/05/1902

Frei Romédio (Virgílio Genetti) nasceu aos 9 de setembro de 1874. Era filho de Floriano Genetti e Romana Gius. Vestiu o hábito a 5 de abril de 1892. Emitiu os primeiros votos a 13 de abril de 1893. Profissão solene a 15 de abril de 1896. Três anos após a ordenação, a 6 de novembro de 1900 vinha para o Brasil; no ano seguinte já voltava para a Itália onde faleceu aos 5 de maio de 1902, com apenas 27 anos de idade, sendo 9 de vida religiosa e 5 de sacerdote; pois fora ordenado a 30 de janeiro de 1897.

Dom Frei Luís Maria de Santana

21/03/1886
05/05/1946

Dom Frei Luís Maria de Sant’Ana (Antônio Culturato), filho legítimo e primogênito de Luís Culturato e Jacinta Boldrini Culturato, nasceu na cidade de Sant’Ana, província de Pádua, Itália, aos 21 de março de 1886. Foi batizado aos 27 do mesmo mês, com o nome de Antônio. Contava apenas 2 anos quando, em 1888, veio para o Brasil com seus pais, indo fixar-se em Araraquara, em nosso Estado. Cursou o preparatório no antigo Coleginho dos frades, em Piracicaba, e no Colégio Sanjoanense, em São João da Boa Vista.

Seguindo impulso da própria vocação, internou-se no Colégio Seráfico dos Capuchinhos, Taubaté, em 1899. Ali recebeu o hábito franciscano e iniciou o Noviciado aos 4 de fevereiro de 1904 com os colegas Frei Vital de Primiero e Frei Angelo de Taubaté. Feita a profissão simples aos 7 de fevereiro de 1905, foi para São Paulo, onde cursou Filosofia e Teologia no Convento Imaculada Conceição, dos capuchinhos. Recebeu ordens menores de Dom José Marcondes Homem de Melo, a 12 de janeiro de 1907. Fez a profissão solene a 26 de fevereiro de 1908. Foi ordenado subdiácono por Dom Duarte Leopoldo e Silva, na Sé de São Paulo, aos 25 de julho de 1908; diácono, aos 19 de setembro desse mesmo ano, e presbítero aos 6 de março de 1909. Celebrou a sua primeira santa Missa solene em Araraquara aos 14 do mesmo mês. Terminados os estudos, passou a dedicar-se aos múltiplos trabalhos do ministério sacerdotal percorrendo grande parte das cidades do interior de nosso Estado.

Desempenhou na Ordem vários cargos, sucessivamente, como Conselheiro, de 1927 a 1929, Guardião em São Paulo, de 1921 a 1924 e de 1927 a 1929, Diretor da Ordem Terceira e outras Associações, colaborando também na redação de ANAIS, LA SQUILLA e outras revistas. Por muitos anos foi diretor do Colégio Imaculada Conceição, na capital. Tendo adquirido a nacionalidade brasileira, não somente no tocante à sua formação moral mas também legalmente, nos termos do art. 69, parágrafo 49 da Constituição de 24 de fevereiro de 1891, Frei Luís soube imprimir, sempre, às suas atividades um sentido de pura e alta brasilidade.

Em data de 25 de fevereiro de 1925, Dom Duarte Leopoldo e Silva recebia, do Campo de Operações, no Estado do Paraná, o seguinte telegrama: “Oficiais e soldados católicos desejam assistência religiosa junto forças em operações. Solicitamos vossa fineza conceder-nos sacerdote brasileiro virtuoso para espontaneamente compartilhar nossas provações exercendo ministério espiritual nesta rude campanha. Nosso Estado Maior verá com simpatia presença sacerdote dedicado junto nossos hospitais e unidades de frente... (...) A designação a capelão recaiu em Frei Luís que aceitou prontamente o cargo, partindo logo para o campo de operações, lá permanecendo até o final da campanha naquele Estado.

Numa ordem publicada pelo Coronel Mariano Rondon consta: “Forças em Operações nos Estados do Paraná e Santa Catarina. Quartel General em Guarapuava, em 8 de maio de 1925. Visita do sacerdote brasileiro. Visitou-nos hoje, em despedida, o Capuchinho brasileiro Frei Luís Maria de Santana, da Arquidiocese de São Paulo, que passou, dois meses em assistência religiosa junto aos Hospitais e unidades do 1º escalão destas Forças. Este sacerdote, cuja permanência junto às Forças em virtude de pedido dos oficiais e soldados da União Católica do Exército, compartilhou com nossos camaradas da frente, das rudezas da campanha, permanecendo sempre desinteressadamente à disposição da tropa para o ministério sacerdotal e conquistando a simpatia de todos pela sua cativante personalidade. Antes de retirar-se teve a gentileza de celebrar ofícios religiosos em Cascavel, Mallet e Guarapuava, em sufrágio dos mortos desta Campanha. Em suas prédicas associou-se à causa da ordem, pregando a obediência às leis e autoridades constituídas, e devotamento ao serviço público e à fé nos destinos da Pátria. Gen. Cândido M. Rondon”...

Não se compara esse normal devotamento a uma causa secular ao devotamento de Frei Luís à causa do Evangelho, no serviço aos irmãos, distribuindo-lhes as riquezas dos mistérios de Deus, o que mereceria muito mais linhas na exposição de sua vida e atividades.

Foi nomeado Bispo de Uberaba pelo Papa Pio XI, com bula datada de 2 de agosto de 1929. Por especial indulto, sua sagração realizou-se no dia 4 de outubro, homenageando seu Fundador São Francisco, na igreja Imaculada Conceição, em São Paulo. Foi sagrante Dom Duarte Leopoldo e Silva, servindo de Assistentes Dom Francisco de Campos Barreto e Dom José Carlos de Aguirre, estando presentes também Dom José Maurício da Rocha e Dom José Maria Parreira Lara. Tomou posse solene da diocese a 27 de outubro, celebrando-se naquele dia a Festa de Cristo Rei. Governou a diocese de Uberaba durante quase nove anos, até 7 de junho de 1938. Percorreu por diversas vezes o seu território, em visitas pastorais; promoveu a prática das santas missões em quase todas as paróquias e a reconstrução de várias igrejas. Introduziu novas congregações religiosas como dos Capuchinhos, dos Estigmatinos, das Missionárias de Jesus Crucificado, Missionárias de Nossa Senhora das Dores e Franciscanas do Egito. Incentivou a fundação de novos colégios católicos; dotou o bispado de novo palácio episcopal. Adquiriu-lhe e montou oficina tipográfica para o jornal diocesano. Iniciou as obras da reconstrução da catedral. Deu novo impulso à obra das Vocações e conferiu a ordenação sacerdotal a doze alunos do seminário diocesano.

Por Bula datada de 2 de abril de 1938, Pio XI designou-o Bispo de Botucatu, no Estado de São Paulo, transferindo-o de Uberaba. Tomou posse da nova diocese a 29 de junho desse mesmo ano, tendo paraninfado o ato o senhor Governador Ademar Pereira de Barros. Superadas galhardamente as primeiras e mais graves dificuldades que oferecia a situação da nova diocese, aplicou, ao mesmo tempo, suas constantes atividades aos diversos setores da administração diocesana. Deu grande impulso às obras da nova catedral, promoveu a construção do Mosteiro Santa Gema Galgani das Monjas Passionistas, reformou e ampliou o prédio do Seminário Diocesano, construiu novo edifício para a Cúria Diocesana com amplo salão de reuniões e conferências; criou na Diocese as Vigararias Forâneas, fundou o novo órgão de imprensa “Monitor Diocesano”, deu novos estatutos ao Seminário Menor e à Obra das Vocações Sacerdotais; promoveu a realização das santas missões na sede e na maioria das paróquias e a do primeiro Congresso Eucarístico Diocesano, celebrado de 1º a 8 de junho de 1941, com a participação do Sr. Arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar de Afonseca e Silva e mais nove prelados. Pertenceu à Comissão Episcopal de Vigilância do Seminário Central do Ipiranga, de São Paulo.

Acometido por uma grave enfermidade, a morte veio colhê-lo subitamente no dia 5 de maio de 1946. A Igreja perdeu, assim, um dos seus mais cultos e piedosos bispos. (Cf. REB, junho 1946, pp. 519-521).

Além de suas intensas atividades episcopais, Dom Frei Luís sempre reservou grande espaço de tempo para estudos e escritos.

Firmado no lema que adotara: “Omnia et in omnibus Christus”, não descurava seu dever de mestre e orientador do rebanho que lhe fora confiado por Deus.

Grande foi o número de Pastorais e circulares que escreveu, tanto para os diocesanos de Uberaba como para os de Botucatu.

Aos 4 de outubro de 1929 escrevia sua primeira Pastoral de Saudação aos fiéis de Uberaba (MG). Outras circulares e Pastorais se lhe seguiram. Aos 6 de março de 1932 escrevia a quarta Pastoral, versando sobre o Espiritismo.

Aos 5 de junho de 1938 saúda sua nova Diocese: Botucatu.

Sobre o Congresso Eucarístico Diocesano escreveu uma Pastoral aos 6 de março de 1941.

Conforme dados colhidos por Frei Afonso Lorenzon, de 16 de julho de 1938 a 8 de maio de 1946, Dom Luís escreveu 51 circulares sobre os mais diversos assuntos, especialmente sobre vocações sacerdotais e sobre as Missões. Embora tenha falecido relativamente novo, Dom Luís deixou para todos exemplos de imensa dedicação pela causa da Igreja e da Ordem, quer como religioso, quer como brilhante sacerdote e zeloso Bispo. (Cf. também AOMC, 64, 156).

Frei Liberato de Gries di Fassa

20/08/1884
06/05/1976

Ângelo Bernard era seu nome de batismo e civil. Chegou até nossos dias – 1976 – esse representante bastante fiel dos nossos primeiros missionários e a respeito dos quais deixou importante testemunho.

Nasceu a 20 de agosto de 1884; era filho de Luís Bernard e Catarina Erardi. Em 1899 apresentou-se ao Provincial Frei Inácio de Rovereto, em Trento, pedindo ingresso na Ordem. Recebeu o hábito em Condino. Professou solenemente a 2 de setembro de 1905. Como professo simples residiu em Malé, de 1900-1901; depois, em Trento, Rovereto e Ala. Recebeu o diaconato aos 29 de junho de 1906. Ordenado sacerdote aos 26 de dezembro de 1906 por Dom Celestino Endricci, no antigo Seminário de Trento. Celebrou primeira Missa em Capitello, sendo pregador seu irmão Frei Aleixo de Gries que fez um “discurso estupendo”, conforme anotou. Conforme seu diário:

“Dia 3 de fevereiro saí de casa... A separação foi dolorosíssima. Eu tinha o coração despedaçado; todos choravam!

“A caríssima Mamma, com a idéia de que não mais veria seu pequeno Ângelo, gemia e chorava inconsolável e agarrou-se à minha capa para não deixar-me partir. Tive, enfim, que cometer um ato cruel: dar um puxão e fugir...

“Todos saíram, e minha mãe caríssima, que pelos achaques mal se sustentava em pé, ficou petrificada de dor, qual uma Níobe! Só mais tarde chegou o caro Nono Ciadin para ampará-la e consolá-la...

“Ó, grande Deus, que deste à mãe um coração tão terno e profundo para sentir a dor, e dois olhos para chorar, não ouvirás os gemidos de tua humilde serva? Não reconduzirás ao seu seio o filho chorado!?”

Era a despedida, pois já a 5 de fevereiro o Provincial entregava a Cruz missionária aos novos missionários: Frei Liberato, Frei Vital de Moena, Frei Vito de Martignano, Frei Crispim de Roncone, Frei Epifânio de Vigo, Frei Jacinto e Frei Felicíssimo de Prada, Frei Victor de Dovena, Frei Elzeário de Strigno, Frei Luís de Santa Maria. Em visita a Roma, todos foram recebidos pelo santo Papa Pio X. Aos 21 do mesmo mês partem para o Brasil no “France”, chegando a São Paulo a 17 de março. São recebidos pelo Comissário Frei Bernardino, pelo guardião Frei Mansueto e colegas estudantes brasileiros. Não faltou a banda de música e nem faltaram os foguetes de boas-vindas aos jovens missionários. Frei Vital, Frei Crispim e Frei Epifânio, ainda não eram sacerdotes. Frei Vito, Frei Liberato, Frei Jacinto e Frei Felicíssimo, completavam ainda a Teologia. Uniram-se aos brasileiros Frei Serafim de Piracicaba, Frei Domingos de Riese, Frei Lourenço de Piracicaba, Frei Leonardo de Campinas, Frei Modesto de Taubaté, Frei Luís de Santana, Frei Vital de Primiero. Professores foram Frei Mansueto de Valfloriana, Frei Justino de Taio, Frei Camilo, Frei Fidélis, Frei Inácio de Rovereto, Frei Celestino, Frei Bernardino e outros, através dos tempos.

Conforme anota Frei Liberato, os estudos foram fracos. Muita boa vontade dos alunos, mas muita dificuldade em se ter professores, que se revezavam também com a maior boa vontade. “Não sabíamos nada, nada, nada, nada”. Contudo, passaram nos exames, também orais, perante a banca da diocese, que lhes recomendou dessem mais tempo ao estudo que aos trabalhos manuais. Para o aluno Frei Liberato, Frei Bernardino era um verdadeiro papai, cheio de caridade e de bondade; Frei Mansueto, “do qual muitos se queixavam, achei-o ótimo, un gran cuore sotto una ruvida corteccia”. Frei Justino, “un volpone che sapea muovere tutte le pedine per vincere la dama”. Este último, tendo sido eleito Superior Regular mas não confirmado, deixou a Ordem e casou-se com uma freira.

Os novos missionários prosseguem seus estudos e os já sacerdotes os concluem a 16 de fevereiro de 1909.

Frei Liberato vai residir em Piracicaba, de fevereiro a abril de 1910; de 23 de agosto a 15 de novembro desse ano, está como coadjutor em São José do Paraíso, Minas Gerais. Em 1911 é encarregado do Jornal LA SQUILLA, com Frei Ricardo, elevando sua tiragem de 1.500 a 6 mil... “Trabalhava 14, 15 horas por dia”. Esse jornal era muito apreciado pela colônia italiana. Chegou a 13 mil assinantes. “Era o 5º Evangelista” – diz ele – para os italianos espalhados pelo Brasil. E vinham de todas partes, ver ou visitar a Redação do jornal, pois “vir a São Paulo e não ver LA SQUILLA era o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa”...

Em 1913 e 1914 reside em Penápolis. Como os demais frades, atendia a imensa região da Noroeste, até Três Lagoas. Atravessando o Tietê, atendiam também, já o dissemos de outros, a vasta paróquia de Rio Preto: Macaúbas, Palmeiras, Lacerda, Lagoa, São Jerônimo, Chico Pereira, Salto... 15 dias a cavalo. “Não só batizando e casando, mas também catequizando”, como observa. Sua primeira expedição até Mato Grosso foi de 24 de março a 12 de abril de 1913... O superior Frei Felicíssimo chama-o e lhe diz: “Você vai em missão no Mato Grosso! Dá-lhe um par de botas e esporas, um chapéu de palha e boa viagem... De trem, vai até Araçatuba - “uma rua de casas, com hotéis cheios de persevejos e de mulheres perdidas”. Dia seguinte o trem chega a Três Lagoas e lá pernoitam. Prosseguindo, em certo ponto o trem pára porque acabara a lenha... Reabastecido, prosseguem. A certa altura, num determinado sítio, -já combinado -, um rapaz o esperava para levá-lo até certa fazenda de um p ortuguês, amigo de Frei Boaventura, homem muito piedoso. Dali, após 3 ou 4 dias a cavalo, chegam à fazenda... No percurso, não se via nem se encontrava nada... “nem um cachorro, nem uma casa, só a cavalo, a cavalo”. Enfim, na fazenda, o atendimento àquela pobre gente, durante uma semana...

Foi a primeira longa viagem pelas matas. Outras vieram...

Eram os primeiros anos de missões dos frades na Noroeste, fundando e atendendo primeiras comunidades da atual diocese de Lins, como já foi escrito em “À Sombra do Santuário”.

Por várias vezes o desânimo abateu o jovem Frei Liberato que, de São Paulo fôra recambiado para a longínqua Noroeste, como ele observa. Pede, então, por várias vezes ao Provincial Frei Afonso de Condino para voltar à Pátria. Após algumas negações, recebe o consentimento, realizando seu desejo a 22 de junho de 1914, acompanhando os estudantes brasileiros Frei Mariano de São Paulo, Frei Timóteo de Helvécia, Frei Germano de Itatiba; chegam a Gênova a 10 de julho. Dia 15 estão em Milão e no dia 16 em Trento.

Deflagrada a guerra Itália-Áustria, aos 2 de julho de 1915 o missionário e os estudantes vão para Salisburgo, ali chegando dia 6. Frei Liberato ali exerce o cargo de professor até agosto de 1918. De setembro desse ano até fins de 1919 está em Trento e Bruneck. Enfim, resolve voltar para a Missão, embarcando para o Brasil aos 26 de novembro de 1919. Vem acompanhado de Frei Alberto de Stravino, Frei Angélico de Roseira, Frei Gabriel de Taubaté, Frei Félix de Rio das Pedras, Frei Timóteo de Helvécia. Estes três últimos eram estudantes e foram prosseguir estudos em Piracicaba aos 9 de fevereiro de 1920, tendo como professores o mesmo Frei Liberato e Frei Felicíssimo de Prada. Ao mesmo tempo em que lecionava Filosofia, Eloquência e Direito, Frei Liberato atendia as vizinhas cidades, especialmente Rio Claro. Tem início, ou reinício, uma atividade febril para o missionário. Já aos 10 de agosto de 1921 está em São Paulo, novamente à frente de LA SQUILLA e pregador. Em agosto de 1924, prossegue como diretor do jornal e também com o encargo de Guardião, até 1927, quando assume como vigário conventual no mesmo local; em janeiro de 1931, novamente guardião, LA SQUILLA, Anais Franciscanos, lente de filosofia e moral. De 1933 até 1936, superior em Santos, onde prossegue os trabalhos de construção da Igreja do Embaré; de lá, volta a São Paulo como superior, de 1936-1938, diretor dos estudos, lente de Eloquência. Ao mesmo tempo dava atendimentos pastorais, saindo para pregações em Jundiaí, Sorocaba, Helvécia, Pirassununga, Franca, Pinhal, Araraquara, Amparo... etc.

Em seguida, transferido para Botucatu, também como superior, até 1942, quando vai para Piracicaba onde torna-se guardião em 1947. Aos 7 de janeiro de 1950 vai para São Paulo, como chefe do Colégio Missionário. Como tal, prega Missões em muitas paróquias de São Paulo e Minas Gerais: Louveira, Traviú, Guaxupé, Passos, Jacutinga, Ibicaré (S.C.), Cachoeira de Minas...

De maio a novembro desse ano, vai em visita à Província. Regressando, fica como missionário em Piracicaba até 1957 quando é nomeado superior em Botucatu até 1960, voltando a Piracicaba, onde, como afirmou, pretendia fazer seu pouso até à morte.

À margem de seu Diário, temos praticamente a descrição e pequena crônica dos fatos e locais pelos quais passava, tanto aqui como na Europa, mesmo durante o tempo que lá permaneceu com os estudantes... e que dão um colorido às intensas atividades de Frei Liberato.

Em Piracicaba. celebrou suas Bodas de Ouro de Sacerdócio em dezembro de 1956. Dez anos depois, os 60 anos, quando, a 22 de dezembro de 1966 é homenageado por todo o clero e povo da cidade, recebendo também o título de “Cidadão Piracicabano”. Dia 26, solene Missa de Ação de Graças, às 19,30 horas.

Estava para celebrar os 70 anos de Sacerdócio no ano de 1976, quando faleceu nessa cidade, aos 6 de maio.

Frei Liberato tinha verdadeira paixão pela pregação e gostava de contar quantas vezes pregava. Sempre disponível, como pregador empregava toda sua eloquência; sempre pronto, como ele mesmo declarou, nesse sentido “nunca recusou nada” e também nunca aceitou nada a não ser através do superior. Com grande orgulho se lembrava das missões pregadas, dos trabalhos executados, do apostolado incansável... Salientava as obras executadas em São Paulo, em Santos e em Botucatu... Em São Paulo, a reforma da Igreja Imaculada, a partir de 1925: altar-mór, cantoria, altares laterais de Lourdes, Santa Teresinha, Calvário, de 1924 a 1927 e de 1929 a 1933, as pinturas de Gentili... e o Superior Regular Frei Tiago que quase rebocou de branco toda obra, achando que nossas igrejas deviam ser simples, sem pinturas... Foi uma luta... Os castiçais de metal torneados, também “cassados” e doados para a Catedral de Uberaba, outros castiçais doados para a igreja de Rocinha ou para a capela dos Terceiros franciscanos...

Igualmente, em Botucatu, de 1939 a 1942, as construções da Mesa da Comunhão, altares laterais, pintura em geral.

Em Santos, onde encontra o arcabouço da igreja em construção e também 35 contos de dívidas, conclui paredes, capelas e altar-mór...

Não escondia apreciar o cargo de superior (bonum opus desiderat), pois, segundo ele, todos trazemos em nós tal ambição. Como tal, era bastante exigente e zeloso.

Aos 20 de agosto de 1974 comemorou solenemente seus 90 anos em Piracicaba, onde lhe fizeram agradáveis surpresas e o boletim paroquial lhe consagrou número especial. Ao Evangelho da Missa das 20 horas falou seu grande amigo Mons. José Nardin que enalteceu a figura e os trabalhos de Frei Liberato.

A partir de junho de 1975, porém, sua saúde começa a baquear acentuadamente, com crises intestinais. Nesse ano, passa mais de um mês na Santa Casa local, aos cuidados do Dr. Alfredo de Castro Neves. Enfim, após tratamentos e renovação de crises, aos 3 de maio de 1976 foi internado às pressas por volta das 17 horas; sempre bem cuidado pelos coirmãos e pelo superior Frei Frederico Lorenzi, veio a falecer no dia 6 do mesmo mês, às 11,30, cercado por seus coirmãos do Convento Coração de Jesus e Noviços. Suas últimas palavras foram: “Jesus, Maria, José”.

Cabem aqui, e muito bem, o que Frei Liberato registrou em seu Diário de missas a 17 de março de 1966: “Faz 59 que, neste dia, chegamos... dez jovens em São Paulo, recebidos com rojões e Banda:.. 59 anos.. .Quanto trabalho, peripécias, dificuldades, e... erros. Quantas graças e milagres da Bondade Paterna do Pai do céu!

“Só fiquei – dos dez – eu o pobre velho Frei Vital. O resto, todos foram para a eternidade, para receber o prêmio de seus trabalhos, pois todos fizeram mais do que podiam para a Glória de Deus e bem das almas!

“Frei Jacinto, Frei Felicíssimo: Que frades! Os fiéis que os conheceram e os amaram e os beatificaram.

“Oh, Te Deum Laudamus!

“Para quanto ainda?... Misericórdias Domini in aeternum cantabo! et amorem Mariae! Oh, boa e cara Mãe! Como te agradecer?...”

Ao completar suas bodas de Diamante de Sacerdócio aos 26 de dezembro de 1966, anotou: Desde 1920:

Confissões: 518.513
Práticas: 20.947
Enfermos: 3.055

Ordenado em 1907, percebemos que o número se elevará de muito, contando-se mais esses 13 anos, além do que realizou até 1976.

Deixa-nos, Frei Liberato, os exemplos de sua imensa dedicação e de grande espírito de fé nesses mais de 90 anos de vida consagrada a Deus e aos irmãos. Seus Diários aí estão, comprovando em suas páginas uma vida religiosa e sacerdotal fecundas e cheias de entusiasmo pela causa do Reino de Deus. Foi o último de sua turma a falecer. Ainda em 1966 falecia o seu colega Frei Vital, sobre o qual escreveu:

... “Colega de estudos desde 1901. Junto viemos ao Brasil em 1907. Trabalhou muito e sofreu na Noroeste. Desde moço sofreu de varizes. De Penápolis foi levado para São Paulo, de avião, em grave estado. Outras vezes chegou quase à morte. Mas sempre reagiu e continuou a trabalhar com grande zelo. Nos últimos 4 anos esteve aqui como enfermo; mas nunca de cama. Arrastava-se, rezava, e não queria incomodar ninguém. Toda noite, às 11 horas, o Anjo da Guarda o chamava e ele se arrastava à Igreja onde passava hora deliciosa com Jesus... Também a última noite...”

Em entrevista a Frei Valentim R. Horn, em 1973, Frei Liberato deixou um desfile de recordações sobre fatos simples e ricos do tempo que aqui viveu entre nós... Que cidade Frei Liberato não atendeu espiritualmente em São Paulo? Como afirmou, “preguei praticamente em todas as paróquias antigas do Estado de São Paulo”...

Era o Frei Liberato das pregações. “Nunca aceitei nada se não pelo Guardião”, afirmou. “Nunca recusei nada... nunca recusei... Nunca!”

É esse o Frei Liberato, com suas falhas também, com seus erros, mas com sua entrega total à sua vocação... Frei Liberato, que já em 1937 dizia que as missas e os sacramentos deviam ser celebrados em português, o que escandalizou a muitos frades...

Frei Liberato, que declarou com toda ênfase:

“Nossos antigos deixaram uma fama ex-tra-or-dinária”!!!

(Cf. R.V. dezembro 1971, p. 252.- REB, setembro 1976, p. 739. - AOMC. 92, 197).

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