Caxias do Sul - RS
Com 83 anos, 62 de vida religiosa e 56 de presbítero, Frei Elói Rossetti faleceu na terça-feira 21, às 22 horas, no Hospital Saúde, de Caxias do Sul, de falência de múltiplos orgãos em razão de grave quadro de septicemia.
Velado na igreja matriz Imaculada Conceição (Capuchinhos), bairro Rio Branco, em Caxias do Sul. A missa de despedida às 16 horas da quarta-feira 22 de maio de 2013 , e o sepultamento no Memorial dos Capuchinhos, junto à Igreja Imaculada Conceição.
Registro
Desde 15 de maio estava hospitalizado para tratamento de pneumonia, quando seu quadro agravou-se com insuficiência renal, alteração de pressão arterial e grave septicemia (infecção generalizada).
Havia sofrido uma isquemia cerebral grave em fevereiro de 2006. Em consequência do AVC isquêmico perdeu a fala e alguns movimentos dos membros do lado direito. Desde março de 2006 passou a residir na Casa de Saúde São Frei Pio; não recuperou a fala, mas, com boa saúde e sem muita dependência de cuidadores, foi sempre uma alegre presença fraterna.
Informações pessoais
Era o 16º e último dos filhos de João Rossetti e Hermínia Didoné Rossetti. Nasceu em Caxias do Sul, em 25 de fevereiro de 1930, e recebeu o nome de Isidoro. Dos 16 irmãos, ainda vivem Frei Zeferino, de 88 anos, e Francisco, o penúltimo, com 85 anos.
Ingressou no Seminário de Veranópolis em 1943, vestiu o hábito capuchinho em 1950, fazendo o Noviciado em Flores da Cunha, momento em que assumiu o nome religioso de Frei Elói e nunca mais o abandonou. A Profissão Religiosa na Ordem foi em 6 de janeiro de 1951. Em 23 de dezembro de 1956 foi ordenado presbítero por Dom Benedito Zorzi, na igreja matriz São Pedro de Garibaldi. Rezou a Primeira Missa Solene na Paróquia São José, de Caxias do Sul, em 30 de dezembro de 1956.
Entre 1943 e 1958 fez todos os estudos, inclusive Filosofia e Teologia, nas casas formativas da Província do Rio Grande do Sul. Nos anos 1970 fez uma reciclagem teológica no Convento São Lourenço de Bríndisi, e vários outros cursos, inclusivo o Cursilho de Cristandade. Em 1985 participou da 30ª edição do Cerne, em Curitiba, curso ministrado pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).
Concluídos os estudos teológicos, Frei Elói iniciou a caminhada na pastoral paroquial, que se tornou a marca de sua vida como sacerdote. Por 40 anos, de 1959 a 1999, atuou como vigário paroquial e pároco, várias vezes em serviço fraterno e apostólico a dioceses, nas seguintes localidades: Ibiraiaras (17 anos), Ipê, Cacique Doble, Machadinho, Jaguarão (onde foi o último pároco capuchinho), Ceilândia (Distrito Federal), Coronel Bicaco, Cruz Alta (onde foi cura da catedral, em 1993), Ibirapuitã, Dom Pedrito e Santa Maria.
A seguir, atuou na Pastoral do Aconselhamento e na Pastoral Hospitalar em Flores da Cunha e, por seis anos, no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre.
No exercício pastoral viveu nas fraternidades capuchinhas de Lagoa Vermelha, Ipê, Paim Filho, Pelotas, Ijuí, Soledade, Bagé, Santa Maria, Flores da Cunha, e, em Porto Alegre, nas fraternidades São Lourenço de Bríndisi e São Lucas.
Teve destacada presença e atuação em Ibiraiaras, onde foi o incentivador da extensão da rede de eletrificação, construtor do salão paroquial, salão de esportes, casa paroquial, hospital, nova matriz, capela do cemitério, casa para hospedar o médico, três capelas e quatro salões comunitários e o animador da comissão de emancipação municipal.
É irmão dos capuchinhos Frei Ivo (falecido em 2005) e do irmão leigo Frei Zeferino, membro residente da casa de Saúde São Frei Pio, e da religiosa da Congregação de São José, Província de Caxias do Sul, Irmã Maria Helena, já falecida. Quando menino, Frei Elói ia com frequência a teatros e apresentações no Seminário Diocesano de Caxias do Sul, quando os capuchinhos, que lá atuavam, o convidaram para ser seminarista. Mas, Frei Elói queria ser frei como o irmão Frei Ivo. Em janeiro de 1943, quando Frei Ivo Rossetti rezou a Primeira Missa Solene na Capela Santo Antônio, em Caxias do Sul, decidiu que seria capuchinho e entrou imediatamente no seminário de Veranópolis.
Frei Elói celebrou o jubileu de ouro de vida religiosa em 2001 e os 50 anos de ordenação sacerdotal em 2006.
Sempre foi um frade simples, alegre e uma pessoa equilibrada na convivência fraterna. Homem de oração, serviçal, entusiasta e dedicado em todas as atividades que desenvolveu. Além da pastoral paroquial, exerceu de forma elogiosa a pastoral hospitalar, especialmente nos seis anos de atuação no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. Lá, segundo as irmãs scalabrinianas da pastoral hospitalar, deu um exemplo de atuação, tanto pela organização, assiduidade e dedicação amorosa que o tornou bem-quisto, quanto pelo exemplo de humildade, empatia com os doentes, profunda espiritualidade e devoção nas celebrações.
Em um depoimento escrito registrou: “Sinto-me feliz porque sempre acatei profundamente a vontade de Deus manifestada através dos superiores. Nunca pedi lugar para trabalhar e nunca recusei o que me foi indicado, e é isto que me deixa tranquilo”.